ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS ,ADULTOS E IDOSOS: PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
“O analfabetismo nem é uma
“chaga,”, nem uma “erva daninha”, nem tampouco uma enfermidade, para ser
erradicada, mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta”.
Paulo Freire.
Foi assim que Paulo Freire pensou o processo de
alfabetização: como ’’DIREITO’’, direito de aprender em
qualquer idade, pois o “aprender não é
um ato findo”, é exercício permanente de renovação, libertação, diálogo,
autonomia, respeito e humanização.
Para ele, aprender a ler,
alfabetizar-se, é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu
contexto, não a manipulação mecânica de palavras, mas uma relação dinâmica que
vincula linguagem e realidade. A mera decodificação do BA - BE - BI - BO - BU só tem sentido se forem fonemas
ligados aos momentos históricos e existenciais das experiências vividas pelos
educandos.
A essência da alfabetização proposta
por Paulo Freire deve estar sedimentada no compromisso ético, político e
pedagógico. O pensar libertador e crítico sempre permeou sua prática ao longo de sua militância educacional.
O trabalho realizado pelo
educador Paulo Freire com a alfabetização de Jovens, Adultos e idosos, foi, sem
dúvida, seu maior legado. A experiência realizada na cidade de Angicos (RN),
que originou o Plano Nacional de Alfabetização, completa 50 anos, e o Brasil
continua apresentando índices de analfabetismo elevado, como revela a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD - 2012. O número de analfabetos de 15
anos ou mais, aumentou de 12,9 milhões para 13,2 milhões de pessoas, se
comparado com o ano de 2011. Paulo Freire morreu e não viu seu sonho
concretizado: um Brasil livre do analfabetismo.
É notório que muitos avanços na área
da Educação de Jovens, Adultos e Idosos já foram efetivados, todavia o desafio
ainda é grande e as responsabilidades precisam ser compartilhadas. Dentre esses
avanços, podemos destacar o Programa
Brasil Alfabetizado - PBA, criado em 2003, com o objetivo de universalizar
a alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos de 15 anos ou mais, possibilitando
a progressiva continuidade dos estudos em níveis mais elevados, promovendo o
acesso à educação como direito de todos em qualquer momento da vida. Ao longo
desses anos, o referido Programa vem trabalhando no sentido de fomentar ações
concretas que possibilitem a oferta de uma educação de qualidade.
A luta pela alfabetização é um
direito que não prescreve, não é um esforço inútil. Os (as) analfabetos (as)
não podem ficar faltosos desse direito de cidadania. Precisamos, com urgência,
recuperar a dignidade daqueles (as) que têm sede e pressa de aprender.
Essa é a melhor homenagem que podemos prestar
ao educador Paulo Freire,ele que tanto lutou para mudar essa realidade.
*Tatiana Rocha Cruz
(Técnica do Programa Brasil Alfabetizado)
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